Neste
início da Quaresma, oferecemos aos leitores do Itu Resiste! preciosa meditação do Prof.
Plinio Correa de Oliveira, o qual com amor, confiança e fidelidade seguimos os
passos.
A CORAGEM DA FIDELIDADE
Será bem exato que, para conservar a Fé,
evitamos tudo que a pode pôr em risco? Evitamos as leituras que a podem
ofender? Evitamos as companhias nas quais ela está exposta a risco? Procuramos
os ambientes nos quais a Fé floresce e cria raízes? Ou, em troca de prazeres
mundanos e passageiros, vivemos em ambientes em que a Fé se estiola e ameça
cair em ruínas?
Todo homem, pelo próprio fato do instinto
de sociabilidade, tende a aceitar as opiniões dos outros. Em geral, hoje em
dia, as opiniões dominantes são anticristãs. Pensa-se contrariamente à Igreja
em matéria de Filosofia, de Sociologia, de História, de Ciências, de arte, de
tudo enfim. Os nossos amigos seguem a corrente. Temos nós a coragem de
divergir? Resguardamos nosso espírito de qualquer infiltração de idéias
erradas? Pensamos com a Igreja em tudo e por tudo? Ou contentamo-nos
negligentemente em ir vivendo, aceitando tudo quanto o espírito do século nos
inculca, e simplesmente porque ele no-lo inculca?
É possível que não tenhamos enxotado
Nosso Senhor de nossa alma. Mas como tratamos este Divino Hóspede? É Ele o
objeto de todas as atenções, o centro de nossa vida intelectual, moral e
afetiva? É Ele o Rei? Ou, simplesmente, há para Ele um pequeno espaço onde se O
tolera, como hóspede secundário, desinteressante, algum tanto importuno?
Quando o Divino Mestre gemeu, chorou,
suou sangue durante a Paixão, não O atormentavam apenas as dores físicas, nem
sequer os sofrimentos ocasionados pelo ódio dos que no momento O perseguiam.
Atormentava-O ainda tudo quanto contra Ele e a Igreja faríamos nos séculos
vindouros. Ele chorou pelo ódio de todos os maus, de todos os Arios, Nestórios,
Luteros, mas chorou também porque via diante de si o cortejo interminável das
almas tíbias, das almas indiferentes que, sem O perseguir, não O amavam como
deviam.
É a falange incontável dos que passaram a
vida sem ódio e sem amor. Segundo Dante, estes ficavam de fora do inferno,
porque nem no inferno havia para eles lugar adequado.
Estamos nós neste cortejo?
Eis a grande pergunta a que, com a graça
de Deus, devemos dar resposta nos dias de recolhimento, de piedade e de
expiação que a nossa Semana Santa deve ser.
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