É NATAL
O inferno ruge, a Igreja nada teme
O Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo nos faz entrar na atmosfera
encantadora e sublime das harmonias de um rei que assume a natureza humana no
ventre virginal de Maria Santíssima por obra do Espírito Santo para redimir o
gênero humano.
O que nos diz a singela, ordenada, pura e virginal cena de uma mãe que
contempla seu filho que é ao mesmo tempo Deus e homem?
Que olhar, que esplendor, no qual se reflete um interesse pelas mais
sublimes virtudes de um brilho fulgurante!
Aquele Menino recém-nascido constitui-se o herdeiro universal de todas as
coisas. Ao mesmo tempo em que é Filho do Eterno Pai, torna-se Filho da Virgem
Maria.
Aquele que é o esplendor, o reflexo, a imagem do Padre Eterno, recebe a
carne e o sangue, ou melhor, a vida aqui na Terra, servindo-se da mais santa de
todas as criaturas.
Enfim, quem é esse Menino tão terno, tão angelical, tão inocente, tão
meigo e tão doce? Dirá a Mãe: Tu és o meu filho, eu te dei à luz. E o Menino se
entretém num diálogo cuja melodia faz encantar a natureza inteira.
— Se Eu sou o
teu filho e me deste à luz, e todas as coisas vieram de minha onipotência,
como, então, Eu, sendo Deus, Filho do Eterno Pai, posso unir algo que parece
contradição? Teria acaso uma natureza finita, limitada o Eterno, Aquele que
sempre existiu?
— Meu Filho,
sim, Tu és eterno, substância e sustentáculo de tudo; vieste ao mundo tomando a
natureza humana para redimir essa raça perdida pelos nossos primeiros pais.
Tu és o Sacerdote de uma nova lei, que é a lei da bondade cristã.
Enquanto deste a vida a mim, eu Te dei a vida a Ti, pois Tu és o mais formoso
de todos os filhos da raça de Adão.
— Se assim é, ó
Mãe, como então Aquele que é a primeira pessoa da Santíssima Trindade me diz: Tu
és o meu Filho, eu hoje te gerei?
— Sim, meu
filho, Tu és o primogênito, o mais excelente ser que a Terra contemplou; se Tu
és a substância do Pai Eterno, és também de minha substância, porque Tu vieste
instalar um sacerdócio perene no mundo segundo a ordem de Melquisedec porque
imolarás essa nova natureza que Te dei.
— Então, Tu és,
ó Mãe, a mais formosa de todas as mulheres, porque no teu fiat, no teu
consentimento, soubeste imolar o Verbo de Deus, isto é, a palavra eterna que se
torna homem, reunindo o infinito – Aquele que é Deus – ao finito – Aquele se
fez homem, portanto duas naturezas numa só pessoa, que é a pessoa do filho.
Tu és a Mãe de Deus, a mais formosa e a mais excelente das criaturas. Na
manjedoura já começa o meu calvário, que é o meu sacerdócio, um culto que um
Deus-Homem oferece à divindade, reparando assim, com a nova natureza que recebi
de ti, o pecado que inundou a Terra.
— Sim, ó meu Deus, o teu trono, o teu cetro, é um
cetro de equidade, de justiça e de amor, pois teu Nome será repetido até os
confins da Terra, e reinarás no mundo inteiro, porque implantarás a religião da
bondade, do perdão, da misericórdia, do heroísmo, da coragem, da fortaleza, da
verdade, da fé, do zelo, da generosidade, da pureza, da virgindade.
Sendo Deus com o Pai e o Espírito Santo, Tu és também meu Filho, por pura
bondade tua, e por bondade do Espírito Santo, que me desposou e operou essa
obra insigne no amor de um Deus que se faz homem, da palavra eterna, isto é, o
verbo de Deus que quis encerrar em meu ventre e vir à luz para espancar as
trevas e inundar o mundo de grandes realizações.
Genuflexa eu Te adoro, rendo homenagens por todos os homens, pois Aquele
que é criador quis também ser criatura; o que é eterno quis também ter um
começo nesta Terra para implantar a religião que todos os homens devem abraçar
e sem a qual não terão os meios de salvação.
De tal forma, ó Filho amado, esplendor e glória minha, que um Deus em
três pessoas há de realizar em Ti algo com o qual toda a Terra há de
beneficiar-se e o inferno de tremer, pois a eternidade se instalará na Terra
através da Igreja que fundaste e contra cuja perenidade as portas do inferno
não prevalecerão. Pode o inferno rugir, mas de nada adiantará!
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