Festas
do Divino Espírito Santo
Tradição
Portuguesa presente em Itu
Entre nossas
festividades religiosas católicas mais difundidas e importantes aparece a do
Divino Espírito Santo, comumente chamada festa do Divino. Ela é celebrada em
todo o território nacional durante sete semanas, que vai do Domingo da Páscoa
ou Ressurreição até o de Pentecostes, dia do Divino Espírito Santo, geralmente
entre os meses de abril e maio.
Foi instituída em Portugal nas
primeiras décadas do século XIV, pela Rainha Santa Isabel (1271-1336), esposa
do rei D. Diniz (1261-1325), que a começou pela construção da Igreja do Divino
Espírito Santo, em Alenquer.
Devoção rapidamente propagada,
tornou-se uma das mais intensas e populares, sendo trazida no século XVI para o
Brasil, em cujas cidades e vilas passou a existir o Império do Divino, erigido
por ocasião das celebrações que lembram a descida do Espírito Santo sobre os
Apóstolos de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Seguindo a tradição, no Domingo da
Páscoa, diante das igrejas onde se organizam as festas do Divino, em um coreto
ou palanque que se chama Império, para assento do Imperador-criança ou adulto -
ergue-se solenemente um grande mastro com uma bandeira, mostrando no alto a
pomba simbólica do Espírito Santo.
Esta cerimônia é realizada depois da
eleição do Imperador, que a tudo assiste, em vestimenta de gala, com sua guarda
de honra e uma corte numerosa, com Rainha, pajens, alferes, mordomos e criados,
passando a ter poderes de libertar presos das cadeias públicas e distribuir
comidas aos pobres e ao povo em geral.
Para a organização das festividades
são formadas as "folias do Divino", grupos de músicos e cantores que
percorrem cidades, vilas e regiões inteiras, durante as sete semanas das
comemorações, pedindo e recebendo auxílios de toda espécie, recepcionados
sempre com muito respeito.
Levam consigo a bandeira do Divino,
ilustrada pela pomba simbólica, tratada com a máxima veneração. São atribuídos
dons medicinais e preventivos. Nas casas, a bandeira é passada nas camas dos
doentes para curá-los e nas cabeças das crianças para dar-lhes juízo.
A presença dos símbolos do Divino é
também invocada para proteger as propriedades rurais contra as pestes agrícolas
e dos animais.
E de porta em porta passa o grupo,
cantando e tocando músicas. Todos dão algum donativo, por menor que seja, mesmo
os mais pobres.
Para o transporte das doações em
objetos - muito numerosos e dos mais diferentes em qualidade e estilo - vem
sempre um veículo, sob a guarda dos "irmãos do Divino", às vezes com
círios acesos.
No Domingo de Pentecostes, sete
semanas depois da Páscoa, engalana-se toda a igreja, acendem-se as luzes dos
grandes dias de festas, e ao som de músicas e coros há a celebração de solene
Missa e, a seguir, a coroação do Imperador do Divino, feita por um sacerdote,
de quem recebe a coroa, o cetro, o globo e a bênção católica.
Junto ao trono do Imperador ergue-se
outro palanque para os músicos e o leilão de prendas. Os instrumentos soam
então alegre e incessantemente, enquanto durar o leilão, feito por um
experimentado e farfalhante leiloeiro, habilmente escolhido para garantir o bom
humor e o lucro na ocasião.
A noite corre assim tranqüila entre
músicas e as peripécias do pregoeiro, até a hora dos fogos de artifícios, que
encerram as festas do Divino com grande esplendor e magnificência, num
espetáculo de pirotecnia esfuziante e multicolorida.
Em alguns lugares há ainda a
apresentação de autos tradicionais, peças de teatro, com o aparecimento final
da pomba do Divino Espírito Santo, perante a qual todos se ajoelham e rezam.
Sobem então os últimos fogos entre o
repicar de sinos, anunciando o final das celebrações. Com aplausos e vivas ao
Divino Espírito Santo, o bom povo de Deus, satisfeito e contrito, dissolve-se
pouco a pouco, em um ambiente de paz e muita bênção, sob o manto da noite.
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