Fátima, em seus 95 anos:
Mais Atual do que Nunca!
No ano de 1972, a imagem
Peregrina internacional de Nossa Senhora de Fátima lacrimejou milagrosamente 13
vezes na cidade de Nova Orleans,EUA. A imprensa do mundo todo noticiou o fato,
alguns em primeira página, apresentando impressionantes fotos do prodígio.
Plinio Corrêa de Oliveira
escreveu memorável artigo na "Folha de S. Paulo" em 6 de agosto de 1972 no qual, além de
manifestar sua profunda devoção mariana, interpretou com fina lucidez o sentido
daquele pungente pranto.
Transcrevemos a seguir essa
preciosa colaboração, tanto para glorificar a Mãe de Deus nesta ocasião dos 95
anos das aparições de Fátima quanto para prestarmos, nesta ocasião, mais um
preito de homenagem a esse invicto líder e pensador católico.
Lágrimas, milagroso aviso.
A "Folha de S.
Paulo" de 21 de julho p.p. publicou uma fotografia procedente de Nova
Orleans, na qual se via uma imagem de Nossa Senhora de Fátima a verter
lágrimas. O documento despertou vivo interesse no público paulista. Penso,
pois, que algumas informações sobre este assunto satisfarão os justos anelos de
muitos leitores.
Não conheço melhor fonte
sobre a matéria do que um artigo intitulado, muito americanamente, "As
lágrimas da imagem molharam o meu dedo". Seu autor é o Pe. Elmo Romagosa.
Publicou seu trabalho o "Clarion Herald" de 20 de julho p.p.,
semanário de Nova Orleans, e distribuído em onze paróquias do Estado de
Louisiana.
Os antecedentes do fato são
conhecidos. No ano de 1917, Lúcia, Jacinta e Francisco tiveram várias visões de
Nossa Senhora em Fátima. A autenticidade dessas visões foi confirmada por
vários prodígios no sol, atestados por toda uma multidão reunida enquanto a
Virgem se manifestava às três crianças.
Em termos genéricos, Nossa
Senhora incumbiu os pequenos pastores de comunicar ao mundo que estava
profundamente desgostosa com a impiedade e a corrupção dos homens. Se estes não
se emendassem, viria um terrível castigo, que faria desaparecer várias nações.
A Rússia difundiria seus erros por toda a parte. O Santo Padre teria muito que
sofrer.
O castigo só seria obviado
se os homens se convertessem, se fosse consagrada a Rússia e o Mundo ao
Imaculado Coração de Maria e se se fizesse a Comunhão reparadora dos primeiros
sábados de cada mês.
Isto posto, a pergunta que
naturalmente salta ao espírito é se os pedidos foram atendidos.
Pio XII fez, em 1942, uma
consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria. A Irmã Lúcia asseverou que
ao ato faltaram algumas das características indicadas por Nossa Senhora. Não
pretendo analisar aqui o complexo assunto. Registro apenas, de passagem, que é
discutível se o primeiro pedido de Nossa Senhora foi atendido, ou não.
Quanto ao segundo pedido,
isto é, a conversão da humanidade, é tão óbvio que não foi atendido, que me
dispenso de entrar em pormenores.
Como Nossa Senhora
estabeleceu o atendimento de seus pedidos, como condição para que fossem
desviados os flagelos apocalípticos por Ela previstos, está na lógica das
coisas que baixe sobre a humanidade a cólera vingativa e purificadora de Deus,
antes de vir a nós a conversão dos homens e a instauração do Reino de Maria.
Das três crianças de
Fátima, a única sobrevivente é a irmã Lúcia, hoje religiosa carmelita em
Coimbra. Sob a direção imediata desta última, um artista esculpiu duas imagens,
que correspondem quanto possível aos traços fisionômicos com que a Santíssima
Virgem apareceu em Fátima. Ambas essas imagens, chamadas
"peregrinas", têm percorrido o mundo, conduzidas por sacerdotes e
leigos. Uma delas foi levada recentemente a Nova Orleans. E ali verteu lágrimas.
O Pe. Romagosa, autor da
crônica a que me referi, tinha ouvido falar dessas lacrimações pelo Pe.
Breault, ao qual está confiada a condução da imagem. Entretanto, sentia ele
funda relutância em admitir o milagre. Por isto, pediu ao Pe. Breault que o
avisasse assim que o fenômeno começasse a se produzir.
O Pe. Breault, notando
alguma umidade nos olhos da imagem, no dia 17 de julho, telefonou ao Pe.
Romagosa, o qual acorreu junto à imagem às 21:30, trazendo fotógrafos e
jornalistas. De fato, notaram todos alguma umidade nos olhos da imagem, que foi
logo fotografada. O Pe. Romagosa passou então o dedo pela superfície úmida, e
recolheu assim uma gota do líquido, que também foi fotografada. Segundo o Pe.
Breault, esta era a 13ª lacrimação da imagem.
Às 6:15 horas da manhã
seguinte, o Pe. Breault telefonou novamente ao Pe. Romagosa informando-o de que
desde as quatro horas da manhã, a imagem chorava. O Pe. Romagosa chegou pouco
depois à Igreja, onde, diz ele, "vi uma abundância de líquido nos olhos
da imagem, e uma gota grande de líquido na ponta do nariz da mesma".
Foi essa gota, tão graciosamente pendente, que a fotografia da "Folha de
S. Paulo" mostrou a nosso público.
O Pe. Romagosa acrescenta
que vira "um movimento do líquido enquanto surgia lentamente da pálpebra
inferior".
Mas o Pe. Romagosa queria
eliminar dúvidas. Notara ele que a imagem tinha uma coroa fixada na cabeça por
uma haste metálica. Ocorreu-lhe uma pergunta: não haveria sido introduzida, no
orifício em que penetrava a haste, certa porção de líquido que depois escorrera
até os olhos da imagem?
Cessado o pranto, o Pe.
Romagosa retirou a coroa da cabeça da imagem: a haste metálica estava
inteiramente seca. Introduziu ele, então, no orifício respectivo, um arame
revestido de papel especial, que absorveria forçosamente todo líquido que ali
estivesse. Mas o papel saiu absolutamente seco.
Ainda não satisfeito com
tal experiência, o Pe. Romagosa introduziu no orifício certa quantidade de
líquido. Sem embargo, os olhos se conservaram absolutamente secos. O Pe.
Romagosa voltou então a imagem para o solo: todo o líquido introduzido no
orifício escorreu normalmente. Estava cabalmente provado que do orifício da
cabeça -- único existente na imagem -- nenhuma filtração de líquido para os
olhos seria possível.
O Pe. Romagosa ajoelhou-se.
Enfim ele acreditara.
O misterioso pranto nos
mostra a Virgem de Fátima a chorar sobre o mundo contemporâneo, como outrora
Nosso Senhor chorou sobre Jerusalém. Lágrimas de afeto terníssimo, lágrimas de
dor profunda, na previsão do castigo que virá.
Virá para os homens do
século XX, se não renunciarem à impiedade e à corrupção. Se não lutarem
especialmente contra a autodemolição da Igreja, a maldita fumaça de Satanás,
que no dizer do próprio Paulo VI, penetrou no recinto sagrado.
Ainda é tempo, pois, de
sustar o castigo, leitor, leitora!
"Mas, dirá alguém, esta não é uma meditação própria
para um ameno domingo". -- Não é preferível -- pergunto -- ler hoje
este artigo sobre a suave manifestação da profética melancolia de nossa Mãe, a
suportar os dias de amargura trágica que, a não nos emendarmos, terão que vir?
Se vierem, tenho por lógico
que haverá neles, pelo menos, uma misericórdia especial para os que, em sua
vida pessoal, tenham tomado a sério o milagroso aviso de Maria.
É para que minhas leitoras,
meus leitores, se beneficiem dessa misericórdia, que lhes ofereço o presente
artigo..
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